OLHAR CINZENTO

Em pedaços transformam meu insano mundo
Estremecem minha cabeça e pés
Em meu peito turbilhão revés
E meu corpo a esvair parece
Qual areia que na ampulheta desce
O suor aflora como um rio
Mesmo que me abrace o impiedoso frio
Suspende-me no ar qual marionete
E em meus lábios o argumento fenece.

Desfaz-me em pedaços teu cinzento olhar
E os junta nas poças de meu chorar
Meus cacos por teu desprezo beijados
Meu riso por teu desdém escudado
Fazem-me ver que não sou mais alguém
Que pra poucos há muitos e pra mim há ninguém
Então no ocaso me banho
Aceito ser um estranho
Pois ao brilho de teu olhar cinzento
Opõe-se o fosco de meu ser macilento.


2901117M e 0202114N

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