2003107T
A minha frente multidão
Meus olhos fechados
Ao chão
Enquanto sinto o ódio
e o temor
A meus pés os atrozes
Vítimas ferozes
Com seus olhares
lancinantes
Seus grunhidos
soluçantes
A hora esperam de me
ver
Partir
No vale estão os
guerreiros
Insanos
Lanças, flecheiros
No ruído dos escudos
ouço meu nome
Nas bainhas leio o
destino
De cada um
A brisa que sopra leve
Traz a mim o cheiro dos
víveres
O banquete dos urubus
Que em seu voo fúnebre
Aguardam distantes o
fim
Deste encontro
O silencio que emerge
como monstro
Do mar verde musgo
Que os separa de mim
Fala baixinho a meu
ouvido
Que a hora se escoa
qual areia
E o momento da ceifa
chegou
Me lanço a eles
Como mão que colhe a
flor
E os ceifo as centenas
Vez por vez
Em mim prendem-se suas
lanças
Bebem de mim suas
foices
Mas
De que adianta?
Qual fumaça se esvaem
As dezenas eles caem
E mesmo que pareçam
sem fim
Pelas dores que trazem
a mim
Sobre suas cabeças por
fim andarei
Suas esperanças eu
beberei
E uma lembrança em
breve serão
A minha frente multidão
Urubus
Aos milhares
Cobrem qual manto
O manto verde rubro do
chão
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